Ideário

Por José Ferreira da Silva Filho – M.’. I.´. (Membro Fundador)

Entendemos que na fundação de uma Loja Maçônica é necessário criar o ideário e um nome compatível com os objetivos e finalidades.

No ano de 1989, sensibilizados pelos movimentos maçônicos e civis no combate à tirania, à corrupção dos governantes, à injusta distribuição de rendas no nosso País e inflação galopante, a democracia ainda jovem, depois de vários anos de Ditadura Militar, caminhava a passos lentos.

Como praticar a Arte Real, sem nos preocuparmos com a sociedade como um todo?
O Maçom, em qualquer circunstância, deve estar alerta ao que se passa ao seu redor e vigilante quando há iminente usurpação dos direitos de um cidadão, no mundo em que habita.

Por acreditar no grande poder da Maçonaria Universal e já convivendo com os Jovens DeMolays, sendo em grande maioria, ”Lideres Natos”, começamos a meditar seriamente, em todo este potencial disponível no nosso meio, para empreendermos no futuro, um combate com a arma branca, contra tudo que esta acontecendo no nosso Brasil.

Introdução

Iniciamos uma pesquisa da História Universal e surpreendentemente, percebemos que a historia atual se repete com uma certa semelhança, há 200 anos, precisamente em 1789.

Como resultado desta pesquisa, encontramos o primeiro movimento maçônico de libertação dos povos no combate à tirania, às desigualdades, cujo movimento, historicamente ficou conhecido como a Revolução Francesa.

Muito se tem escrito acerca da influência do ideal maçônico nos grandes movimentos Sócio-Políticos, ocorridos em varias épocas e em diversos países.

O processo da Independência dos Estados Unidos da América, teve uma influência muito grande da Franco-Maçonaria, onde, figuras como La Fayette, George Washington e Benjamin Franklin eram ativos maçons. É curioso notar, que os primeiros documentos legislativos americanos, tal como, depois dos franceses posteriores à revolução, apresentam no seu frontispício uma iconografia e um vocabulário que não deixam dúvidas sobre a sua influência maçônica. Exemplo fragrante disso é a Declaração dos Direitos do Homem e, mais tarde a dos Direitos dos Cidadãos, cujos manuscritos, são encimados pelo Triângulo com o Olho do Supremo Arquiteto do Universo, ladeado pelas duas Colunas do Templo.

Naquela época, a maioria dos filiados à Maçonaria Francesa, estavam habituados a debaterem em suas Lojas, assuntos do dia numa mistura indiscriminada de nobreza, clero e povo que assim transportavam para a Assembléia, essa força eminentemente maçônica, de uma fusão fraternal dos diversos Estados Sociais.

Sem dúvida, os ideais que informavam essa primeira revolução de 1789 vinham ao encontro das atitudes liberais e humanistas preconizadas pela ideologia maçônica .

Sabemos que, até hoje, os regulamentos, expressamente, proíbem em Loja qualquer discussão de natureza política: o que de modo nenhum invalida a possibilidade de qualquer Maçom usar a sua qualidade e o seu relacionamento para aliciar outros Irmãos, ou até afins, na prossecução de uma causa comum. Mas se não existiu um complot da Maçonaria nestes movimentos libertários, houve por certo um complot de maçons.

Naquele período revolucionário, iniciado com a queda da bastilha, despertou uma intensa atividade das Lojas Maçônicas do Grande Oriente de França e Da Grande Loja Escocesa, à medida em que as finalidades revolucionárias de então, vinham plenamente ao encontro dos ideais e desejos da grande maioria dos seus Obreiros. A Conspiração Mineira, descoberta em começos de 1789, antes da Revolução Francesa, é capitulada como Inconfidência.

Em 1759, por serem vassalos do Rei de Portugal, os Jesuítas foram tidos como autores intelectuais da tentativa de morte de D. José I, e qualificados como réus do crime de Inconfidência, isto é, crime de lesa-majestade.

Quarenta anos mais tarde, na Conspiração Mineira, os Inconfidentes são vassalos do Rei, naturais do Brasil ou de Portugal, réus do crime de lesa-majestade, porque são portugueses. E são contra a Monarquia, porque desejam proclamar a República em Minas Gerais.

Os Inconfidentes, maçons católicos,. pertencentes à oficina de Ouro-Preto, constituída pela fina-Flor da cultura Luso-Brasileira, eram desembargadores, militares, advogados, dentre os quais, o Cônego Luiz Vieira da Silva, os Padres José da Silva Oliveira Rolim e Carlos Corrêa de Toledo e Melo. Nessa altura, o Grande Oriente de Paris compunha-se das Ordens Maçônicas: a Azul, monárquica, e a Vermelha, republicana.

A Azul, defendia a Monarquia, e a Vermelha defendia a República. O Seu lema, é Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Joaquim José da Silva Xavier, o”Tiradentes,” assume a chefia dos Maçons republicanos, ou seja, dos Maçons vermelhos. É o herói da Liberdade, o Mártir da Inconfidência Mineira. Os Monarquistas azuis são os Militares Joaquim Silvério dos Reis, Basílio de Brito Malheiro do Lago etc. Defendem a Monarquia e a união da Igreja e do Estado.

De I798 a 1822, os Maçons vermelhos de cada Estado, querem a República em cada Província do Reino do Brasil., exceto, os Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, que mantinham a unidade política e territorial brasileira.

Obviamente que os maçons vermelhos iriam esfarelar o Reino do Brasil, em Repúblicas, assim como, o Ir. Simon Bolívar, havia feito com a América Espanhola, fragmentando-a em Repúblicas sem expressão política e geográfica.

Os Monarquistas maçons azuis, salvaram a Unidade Territorial, com o Ir. Dom Pedro I, criador do Império Brasileiro, o maior Império, então, e o único das Américas.

Os Maçons vermelhos, do Grande Oriente do Rio de Janeiro, chefiados por Joaquim Gonçalves Ledo, em varias reuniões secretas em Loja, reuniram-se com os Maçons azuis, chefiados pelo Ir. José Bonifácio de Andrade e Silva, e fundaram a Loja Maçônica Apostolado. Integrados na filosofia maçônica, discutem num plano de elevado idealismo político, sem violência, ódio ou vinganças, o desmembramento do Reino do Brasil Monarquia Portuguesa, num só bloco, com a mesma dimensão territorial

Em 15 de novembro de 1889, os Maçons republicanos opondo-se aos monarquistas, proclamam a República , abolindo, assim a Monarquia e o sistema de Governo Parlamentar, optando pelo sistema de Governo Presidencialista.

E assim, o Ir. Marechal Deodoro da Fonseca, o primeiro Presidente dos Estados Unidos do Brasil e seu Vice-Presidente, Ir. Marechal Floriano Peixoto, compõem seu Ministério exclusivamente de Maçons vermelhos, Republicanos.

No ano de 1989, as Grandes Lojas Maçônicas do Brasil, através de Assembleias Gerais, realizadas na Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil, vêm recomendando insistentemente, à todas as Potências, a necessidade de Maçons participarem da vida política nacional, como forma de estabelecer representações legítimas da Maçonaria, na reformulação de toda a sociedade brasileira, como imperativo da história maçônica do nosso honroso passado.

Após a Proclamação da República e Abolição da Escravatura, movimentos nitidamente maçônicos da nossa Sublime Ordem, vêm sofrendo total ostracismo imposto por lideranças políticas ilegítimas que se apossaram do Poder Público, num verdadeiro festival de desmoronamento social, ético e cultural do País.

A Maçonaria que liderou a Inconfidência Mineira e o movimento da Independência do Brasil, é hoje colocada à margem de história, sendo-lhe negada qualquer noção pública de reconhecimento, pelo que fez, pelo Brasil e seu povo.

O Brasil, vive hoje horizontes de incertezas que estão a suplicar redirecionamento para colocar o País na trilha de sua vocação histórica que é um crescimento econômico aliado a um programa de assistência básica ao homem, como princípio, meio e fim de toda a ordem política e social de uma nação.

As novas gerações, os jovens em geral, são induzidos pelas correntes da anti-pátria a verem a Maçonaria como uma Instituição retrogada e antiquada, já que nossos detratores têm interesses em nossa extinção, como forma de fazer triunfar as nulidades e o carreirismo político no País.

Nós, Maçons verdadeiros, construtores da História do Brasil, à custa de sacrifício e vida dos Irmãos do passado, não podemos ficar de braços cruzados diante de tanta impunidade, omissão e incompetência, que estão a comprometer o destino do sofrido e amargurado povo brasileiro.

Histórico da Fundação

Em vista de toda esta realidade, imbuídos do mais nobre propósito patriótico ,optamos pela fundação de uma Loja Maçônica no oriente de Belo Horizonte.

Entusiasmado, encontrei naqueles jovens, a maioria, lideres natos, a possibilidade de um dia torna-los Maçons, para empreendermo-nos a grande caminhada do nosso ideário. Partimos para a fundação da Loja; selecionando e convidando 12 (doze) Irmãos, abnegados Maçons integrados aos novos rumos da Maçonaria, e do Brasil.

No dia 09 de agosto de 1989, na Av. Brasil, 478 – Bairro Santa Efigênia em Belo Horizonte, foi lavrada a primeira ata com a finalidade precípua de coordenar a fundação da nossa futura Loja.

Fomos escolhidos entre os Irmãos para presidir os trabalhos e o Ir. Macius Jardim Valério, para nos secretariar.

Explicamos detalhadamente os requisitos exigidos para que esta louvável iniciativa se tornasse realidade, quais sejam:

1 – Observância dos Landmarks, Constituição de Anderson, Constituição e Regulamento Geral da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais.
2 – A admissão na Maçonaria, dos jovens Demolays maiores de idade que tivessem exercido de uma forma, ou de outra, liderança salutar naquela entidade Para-Maçônica.
3 – Que os futuros iniciandos, passassem por todos os critérios seletivos, adotados na nossa sublime Instituição para iniciação de profanos.

Alicerçados no ideário, sugerimos que a Loja fosse fundada com o título de “Novos Confidentes” e, por unanimidade, todos os irmãos aprovaram.

Ainda, exercitando os princípios da democracia, através do consenso, foram escolhidos os Irmãos José Ferreira da Silva Filho, Edson de Faria Carvalho e Hélcio Rosa Paiva, para os cargos da futura Diretoria, respectivamente, Presidente: (Venerável Mestre), 1º e 2º Vice-Presidentes: ( 1º e 2º Vigilantes).

O Venerável Mestre, na mesma reunião, com aprovação unânime, nomeou as Dignidades e Oficiais, para composição do Quadro da Loja.

A Fundação da Loja

No dia 17 de Agosto de 1989 da E.V. , através do Decreto 969, emanado do Sereníssimo Grão-Mestre Ir. Getúlio Gadelha Dantas, foi criada a Aug.´. Novos Confidentes no. 236, Oriente de Belo Horizonte – MG., dando à Loja todos os direitos constantes nas Leis maiores em vigor na Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, inclusive, outorgando a Carta Constitutiva e Definitiva do Rito Escocês Antigo e Aceito.

13 (treze) Irmãos, considerados neste decreto membros fundadores compuseram o Quadro de Obreiros desta Loja.

1) Da Aug.´. e Resp.´. Loja Simb.´. Fidelidade Escocesa nº 09, foram transferidos 06 Irmãos:

– Antônio Francisco Alves Canabrava – Prof. Programador – Cargo de 1º Diácono;

– Edson de Faria Carvalho – Prof. Engenheiro – Cargo de 1º Vigilante;

– José Dionísio Fiúza – Prof. Contador – Cargo de Chanceler;

– José Ferreira da Silva Filho – Prof. Contador – Cargo de Venerável – Mestre;

– César Nicolau da Costa – Prof. Médico – Cargo de 1º Experto;

– Milton Pio de Almeida – Prof. Advogado – Cargo de Hospitaleiro;

2) Da Aug.´. e Resp.´. Loja Simb.´. Delta Luminoso nº 82, foi transferido o Past-Ven.´. Mestre: – Izauro Luiz Silva – Prof. Advogado – Cargo de Guarda do Templo;

3) Da Aug.´.e Resp.´. Loja Simb.´. XV de Novembro nº 166, foram transferidos os Irmãos: – Wilson de Campos Alves – Prof. Func.Pub.Fed – Cargo de Mestre de Cerimônias;

– Hélcio Rosa Paiva – Sec, Administrativo da G.L.M.MG – Cargo de 2º Vigilante;

4) Da Aug.´. e Resp.´. Loja Simb.´. Arte Real nº 230, foi transferido o Imão: – Marcius Jardim Valério – Prof. Engenheiro Civil – Cargo de Secretário;

* Regularizados na G.L.M.MG os seguintes Irmãos:

5) Da Aug.´. e Resp.´. Loja Simb.´. Reconciliação e Justiça nº146, o Irmão: – Diógenes Wilson Araújo Ladeira, – Prof. Empresário – Cargo de Orador;

6) Da Aug.´. e Resp.´. Loja Simb.´. Luz Amor e Vida Nº 144 , o Irmão: – Raimundo Jorge de Carvalho – Prof. Comerciante – Cargo de 2º Diácono;

7) Da Aug.´. e Resp.´. Loja Simb.´. Paz e Progresso nº 128 , o Irmão:– Roberto Martins Brasil – Prof. Func. Do Banco Central – Cargo de Tesoureiro.

Fechado o cíclo material dos Fundadores:

“Delineamos no Templo Espiritual, para melhor fluxo das energias, os quatro pontos cardeais, associando-os, a cada coluna de 03 (três) Irmãos, os quatro elementos da natureza”, formando assim no ocidente, a Grande Pirâmide positiva, ficando o Oriente sob a égide do G.A.D.U., o Venerável Mestre Instalado na Cadeira de Salomão.

( 04 x 3 = 12 + 01 = 13 ) .

Conclusões

Finalmente, para concluirmos o programa de fundação, e para a composição das 12 colunas que complementariam a construção do nosso Templo espiritual, escolhemos esotericamente a data magna: 16 de Setembro de 1989. E, em Sessão Ritualística, para nosso júbilo e Gloria do Pai Celestial, iniciamos os 12(doze) IIr. Seniors DeMolays:

Amarildo Cota Pereira
Aníbal Soares Pires
César Julio Lúcio dos Santos
Flávio Bueno Galvão
Gilvan Augusto da Silva
Gisiel Alves Braz
Ian Campos Martins
Marco Olimpio Marra
Nilson Araújo Batista
Paulo César S. Madureira
Rogério Bueno Galvão
Rômulo César De Oliveira.

Com a presença de 63 Irmãos, destacando os visitantes da Grande Loja Maçônica do Rio de Janeiro, Hilton Cunha e Monjardim, representando também, o Supremo Conselho Do Rito Escocês Antigo e Aceito para a República Federativa do Brasil, e respectivamente, o Supremo Conselho Da Ordem DeMolay para o Brasil, os trabalhos foram abertos Ritualisticamente, pelo Venerável Mestre Ir. José Ferreira da Silva Filho e, na Ordem do Dia ao recepcionar o Sereníssimo Grão Mestre Ir. Getúlio Gadelha Dantas e o Grão-Mestre Adjunto Ir.´. Eduardo Telino de Menezes, e, dentro dos usos e costumes maçônicos, entregou àquela Autoridade máxima, para dirigir os trabalhos da Loja, o malhete da Sabedoria .

Na palavra a Bem da Ordem, O Ir. Flávio Bueno Galvão, representando os 12 Irmãos recém iniciados, e com sua sapiência, mostrou-nos a sabedoria jovem, a serviço da Maçonaria Universal.

Conforme lavrado em ata, vários irmãos usaram da palavra, destacando principalmente, este grande momento histórico para a humanidade e para a Maçonaria Universal.

O Sereníssimo Grão-Mestre, Ir. Getúlio Gadelha Dantas, usando da palavra, enfatizou os verdadeiros objetivos e diretrizes do seu governo frente a Grande Loja, e associou seu trabalho com prioridade, ao ideário da Nova Loja Novos Confidentes nº 236. Os Trabalhos foram encerrados, ritualisticamente.

Confraternização

Pela primeira vez na Grande Loja, no auditório do Palácio Maçônico, os irmãos ritualisticamente, participaram do Banquete Maçônico, onde pudemo-nos confraternizar e comemorarmos com toda pompa maçônica, esta data magna .

Considerando que os banquetes maçônicos são essencialmente místicos por suas formas e filosóficos por seus princípios, resolvemos para homenagear, os 12 Irmãos recém iniciados praticar com todo vigor um dos mais antigos rituais da Maçonaria Escocesa.
A tradição não nos legaria uma cerimônia que tivesse um fim frívolo e nossos ágapes completam a grande alegoria que se desenrola nos diferentes graus.

A forma de nossa mesa para o banquete, lembra o círculo do Zodíaco, cujos pontos Equinociais são ocupados pelos Vigilantes e os Solsticiais pelo Venerável Mestre; no verão correspondentes ao superior e no inverno ao inferior.

As tangentes paralelas ao diâmetro solsticial são ocupadas pelos demais Obreiros. O Orador e Secretário a 50 graus, respectivamente do Venerável.

Na prática em nossos banquetes fazemos sete brindes principais, cujo número é igual aos sete planetas conhecidos na antiguidade. Os materiais que ocupam a mesa lembram os três reinos da natureza e os utensílios têm nomes guerreiros para lembrar as lutas que os nossos antepassados tiveram de enfrentar, para que a Liberdade, Igualdade e Fraternidade venham a ser um fato a bem da Pátria e da Humanidade.

Nota de Reconhecimento

Aos nossos Irmãos fundadores, agradecemos sensibilizados, pela dedicação, apoio e carinho, os quais não mediram esforços, para cumprir com eficiência todas as tarefas exigidas, em tempo recorde.

Ao Sereníssimo Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, Ir. Getúlio Gadelha Dantas, que colaborou também na criação de nossa Loja, colocando a Grande Secretaria desta Potência a nossa disposição, viabilizando de maneira eficiente todo procedimento administrativo e financeiro para a fundação da “Novos Confidentes”.